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Estreia "Bárbara" e o saco de pipoca sem fim

17 jan
Oi, nenos.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que juro (pela perna de Blondor da Viviane Araújo) que assisti a “Bárbara” pela sinopse, e não pelo sonoridade gostosa que tem esse nome, e habitual simpatia e modéstia das pessoas que o têm.

Dito isso, ao filme.



Em breves linhas: a história se passa na época da Guerra Fria, quando havia ainda a divisão da Alemanha Oriental e Ocidental. Nesse contexto, Bárbara (médica pediátrica) é enviada para o interior da Alemanha Oriental, punição por ter tentado tirar visto para a outra Alemanha, e vive sob vigilância do governo da época. Entretanto, mesmo com forte escolta, ela e seu homem (que vive no lado Ocidental) elaboram um plano para que ela saia ilegalmente do país. No hospital para o qual ela foi enviada, desconfia que André, médico também, está ali para vigiá-la e informar o governo sobre sua rotina. Então, desenvolve-se a história e as relações vão se fazendo, desfazendo e refazendo.

Essa produção alemã, com direção de Christian Petzold (que por sinal ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim 2012), é envolvente e cheia de recursos. Recursos cinematográficos que levam o público a enveredar pela situação da personagem homônima do título, trabalhando com imagem, sombra, sons e respiração muito particulares.



Desde o início da exibição, é deixado bastante claro que a situação histórica serve como fundo. Os sentimentos dela são exteriorizados, e o ambiente os reflete. Sua impaciência por sair da parte oriental, pode ser colocada junto ao som do relógio como único movimento sonoro durante cenas longas do filme. A frieza com que ela trata todos, pode ser como que o produto da repressão, do cerceamento de sua liberdade. Isso fica bastante claro no filme, bem como a sensibilidade demonstrada por ela quando com seus pacientes, implicando o quão aprazível sua profissão é, para sua construção.

Cenas escuras explicitam a tensão da época, e a agitação dos ventos que remetem ao local em movimento também são sentidos. Um ~bucolismo velado~ é percebido nas roupas e rotina interiorana.

O filme é capaz de entreter do início ao fim (em seus 105 min), e envolver o público numa reflexão – não identificação necessariamente, sobre o que se quer, e o que realmente se quer. Movimentos externos que modificam nosso interior, e quando se percebe que a mudança ocorreu.

O desfecho se faz realmente no final. Não tão imprevisível, mas simplório e de forma serena.Os olhares e expressões, sons de fundo e silêncios alternados são característicos e cabem perfeitamente na proposta. Isso me fez ficar tão sensível que chorei quando saí e vi um guri segurando um “abraço com cheiro de ~suvaquinho~ grátis” na rua. Podem julgar.

Fiquei tão envolvida que minha pipoca média (R$7,50) ficou quase intacta. QUASE. E eu adoro pipoca.



Oooooutras estreias são:

Sacrifício: direção de Kaige Chen. Clã, inimigos do clã, grávida, vingança, sacrifício, Zhao, Cheng Ying, drama.

Jack Reacher – O Último Tiro: direção de Christopher McQuarrie. Saindo de um livro para o cinema, atirador, suspeito óbvio, busca pelo suspeito-não-obvio-provável-culpado, segredo, violência, Tom Cruise, lindo, Ação.

Uma Família em Apuros: direção de Andy Fickman. Avós, netos, quadradisscçes, modernidades, infância perdida, infância buscada, infância encontrada, comédia.

A Viagem: direção de Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer. Várias histórias, passado presente futuro, como uma ação pode desencadear revoluções, grande elenco, adaptação que muitos duvidavam/duvidam/tiveram confirmação/amaram/odiaram, ação, ficção científica, mistério, aventura. 

Além das Montanhas: direção de Cristian Mungiu. Amigas, monastério isolado, separação, reencontro, padre pensando que a garota tá possuída, felicidade, simplicidade, Romênia, França, Bélgica, drama.

Até logo!

Beijos iluminados na testa esfoliada.


Por: Bárbara Argenta

De: São Paulo – SP
Email: babi.argenta@gmail.com

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