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Não se fazem mais passados como antigamente #2 – As maiores músicas de todos os tempos (literalmente)

1 jan
Canções: não importa o ritmo, autor, tema, são quase sempre iguais. As faixas quase sempre escritas para a mesma estrutura (introdução, verso-refrão duas vezes, algum solo e refrão de novo). Desde o início dos tempos é assim e até o fim dos tempos, provavelmente, será. Mas graças ao bom e velho rock, essa lógica às vezes é alterada, para que se possa dar espaço para a liberdade do artista, que normalmente não consegue colocar suas ideias em apenas três ou quatro minutos.



Explica-se: Devido à alta rotatividade das rádios, que precisam tocar bastantes canções, o tempo destinado a elas costuma ser milimetricamente medido, entre dois minutos e meio a quatro minutos. Se tiver paciência ou curiosidade, qualquer hora, pare e note o tempo de música dos maiores sucessos das rádios brasileiras, e verá que realmente faz sentido. Até o início dos anos 60 músicos como Elvis, Cash e Roy Orbinson tinham canções que chegavam, no máximo, a 180 segundos. Aí vieram os rebeldes.

Tudo começou com aquele jovem questionador do violão-e-gaita, señor Bob Dylan: o cantor folk, ídolo de 10 entre 10 músicos americanos, desafiou a ditadura das rádios no seu sexto álbum, o (coloque aqui o seu adjetivo positivo) Highway 61 Revisited.  A faixa de abertura, “Like a Rolling Stone” era (e é) uma composição a frente do seu tempo: a letra com personagens enigmáticos, uma sequência vocal trôpega e um refrão que, pela primeira vez, fazia uma  perguntava aos ouvintes. Tudo isso em 6:09, o dobro do tempo usual. Mesmo com a relutância das rádios, a música foi ao ar, sem cortes, e alcançou o #2 nas paradas. De lambuja a Rollign Stone a escolheu “a maior canção de todos os tempos”

Esse feito abriu espaço para mais bandas apostarem nas chamadas “Músicas de Banheiro”, aquelas em que, quando você vai ao toalete, elas não acabam. A maioria, realmente, não nasceu pra rádio, mas algumas lograram bastante sucesso. Os britânicos do Led Zeppelin não lançaram “Stairway to heaven”como um single, mesmo assim, a música entrou no ar, com seus 8 minutos e 2 segundos, mais de 2 milhões de vezes nas rádios americanas, fazendo-a, assim, a mais tocada em todos os tempos.

  (A segunda da lista, convenhamos, também não é lá tão curta).

Todo mundo conhece o Rush como a banda de “Tom Sawyer”, aquela do MacGyver. Mas o power-triocanadense também teve sua fase progressiva, das mais consistentes: a faixa-título do álbum 2112 é uma epopeia de 20 minutos, com um tema pouco cabeça: a revolta de um cidadão contra o sistema em que vive, numa galáxia distante num futuro distante (pra ser bem sucinto).
Em um disco de vinil cabem, em média, 20 minutos de gravação em cada lado. Uma banda comum produzia, em média, cinco músicas em cada lado (os Beatles já chegaram a colocar oito), mas o Pink Floyd essa média era riscada dos planos. Em quatro álbuns, colocaram apenas uma música em cada lado do LP (Em 1969, com um solo de teclado de 13 minutos; em 1970; e em 1975, que ficou tão grande que teve de ser cortada em dois). Mas Echoes, que ocupava o lado B do disco Meddle, de 1972, é uma jornada de 22 minutos com questões metafísicas, passagens perturbadoras e solos espetaculares. Não ao acaso, é uma das favoritas dos fãs.

Para finalizar, uma pergunta: se uma música de 20 minutos, que ocupasse um lado do disco, não fosse o suficiente, porque não aumentar- ainda mais? Depois do lançamento do Aqualung, o álbum mais aclamado do Jethro Tull (vai dizer que você não conhece essa), o vocalista Ian Anderson ficou desapontado com as críticas, que diziam que o álbum, que pra ele era folk, na verdade era progressivo. Como resultado dessa birra, um ano depois ele aparece com Thick as a Brick, um disco de uma faixa só, uma canção-poema que ocupa os dois lados do disco – 43 minutos!  Talvez Niemeyer tivesse tempo hábil para tal.

Deixei de citar alguns exemplos clássicos, como os caras da Allman Brothers Band, os do Yes e do Genesis, além dessa pérola do Mike Portnoy (a maior que eu encontrei). Mas vamos combinar, haja neurônios para tantos épicos.

E feliz 2013. Dessa vez sem fim do mundo.

Por: G.L. Mendes
De: Carapicuíba – SP
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