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ADEUS CIVILIZAÇÃO

9 out
Olá! Está quase chegando a hora da terceira temporada de The Walking Dead, a expectativa é grande e a ansiedade beira a angústia. Qual é o segredo da série? Eu diria que são vários, alguns até variam de uma pessoa a outra, pois as mais diferentes perspectivas são abordadas, temos personagens que acima de tudo são simples figuras comuns do cotidiano como eu, você, sua namorada(o), seus pais, avós, amigos, o tiozinho da esquina, enfim, é esta afinidade que torna a série tão tensa. 


Os zumbis são meros coadjuvantes de uma história que foca muito mais na perda de algo que não imaginávamos ser tão vulnerável: a nossa civilização. A cada episódio a sociedade humana vai se perdendo, as situações extremas da série vão conduzindo as pessoas a tomarem decisões cada vez mais questionáveis, trata-se de uma questão de sobrevivência tanto externa como interna. O perigo do lado de dentro do grupo pode ser tão intenso quanto fugir de uma horda de zumbis famintos.

Na prática, The Walking Dead nos mostra como nos tornamos frágeis e dependentes.Vivemos em uma confortável e cômoda situação onde obtemos tudo que precisamos de forma prática e eficiente, temos acesso a mantimentos, medicamentos, informação, conforto, segurança, mas o que acontece quando isso nos é tirado repentinamente e somos largados a nossa própria sorte e capacidade, o que um advogado, um analista de sistemas, um entregador de pizza e uma dona de casa podem fazer diante de tudo isso? O que é que temos, fazemos ou aprendemos que de fato vai fazer diferença nesta situação? 


Eu digo que é a determinação e instinto de sobrevivência, cada passo na jornada do grupo nos leva ao encontro dos instintos mais básicos e primitivos que estavam escondidos bem lá no fundo de cada um. Fora o acúmulo da dor das constantes perdas que certamente irão estourar hora ou outra, traumatizando ainda mais os envolvidos.

Esta temporada (a terceira) reserva emoções ainda mais intensas, novamente o grupo irá  desfrutar de uma condição confortavél, tal qual na fazenda, e depois se depararão com uma nova e artificial estrutura social, uma comunidade estranhamente funcional, que se revelará ser baseada na mais antiga forma de imposição da ordem, que é a força aliada ao poder e ao medo, representada pela figura do mais novo personagem da trama, o Governador. 
Será que existe organização social em uma situação tão precária? O quê restará de civilização conforme a trama de The Walking Dead for se desenrolando?


Por: Anselmo Rodrigues
De: São Paulo – SP
Email: anselmo@revistafriday.com.br

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A casa dos Super Heróis

2 out
E aí leitores da Friday! Calma, não sou fanático ao ponto de fazer uma matéria falando sobre a mansão do Bruce Wayne ou do Tony Stark e suas particularidades, ou sobre a decoração do apartamento da Mulher Maravilha tal qual uma revista CARAS… Na verdade eu até sou fanático ao ponto de ter esta capacidade, mas tem mulheres lendo, amigos, e prefiro não me expor taaaaaanto assim, afinal de contas não quero queimar meu filme. 

Brincadeiras à parte, a coluna de hoje será mais enxuta e trará um assunto até meio batido, mas que sempre pode vir a calhar para alguém, mesmo que dentro da simplicidade do assunto não deixa de ser uma curiosidade cultural. 

Você já teve ou ouviu a seguinte dúvida de algum amigo:
“Poxa, por que não tem o Homem Aranha na Liga da Justiça?” Ou viu o Homem Aranha junto com o Quarteto Fantástico ou com o Wolverine e se perguntou: “o quê está acontecendo?”

Humildemente então, estarei lhes apresentando a Marvel e a DC Comics, as referidas casas dos super-heróis do título da matéria. 

Então vamos lá, rápido e direto (gente, perdoem, é uma síntese simplista que não faz juz aos fatos, mas dá uma noção): 

Marvel Comics – apelidada carinhosamente de “a casa das idéias”
Chamava Timely Comics, surgiu na década de 30, seus primeiros heróis foram o Capitão América, o Namor e o Tocha Humana (que é parecido mas não é o do filme, na verdade apenas inspirou o personagem de mesmo nome que faria parte do Quarteto Fantástico). Estes três heróis garantiram uma boa estreia, mas naquela época a concorrência era bem farta e a editora não foi tão acima da média, as coisas começaram a mudar na década de 60 quando os talentos de Jack Kirby e Stan Lee se uniram para criar o Quarteto Fantástico e também quando Stan e Steve Ditko na mesma época criariam o grande ícone da empresa, o espetacular Homem Aranha. Depois, viriam Hulk, Demolidor, Homem de Ferro, Thor e os demais Vingadores. Ainda teríamos os X-Men e muitos mais, devido a empatia destes personagens a editora se tornaria um grande sucesso, ditando tendências com uma linguagem que aproximava muito o leitor do personagem, uma fórmula que “inspiraria” a concorrência. 

Nenhum dono metia muito o bedelho na Marvel, então os artistas tomavam conta do pedaço, isto aconteceria até a década de 80 quando um grande empresário agregaria uma grande parcela de ações da empresa e se tornaria marjoritário, porém, metido em outros investimentos, pegou seu lucro e simplesmente desistiu do ramo, deixando a editora mais popular da época quase quebrada e nas mãos gananciosas de seus editores, que tinham ações e dinheiro investidos na empresa. Quis o destino que os próprios heróis reerguessem a empresa, e foi através Hollywood, com filmes como Blade, Homem Aranha e X-Men, que a Marvel novamente voltou a dar imensos lucros, e por fim seria adquirida (em 2009) pela Disney, que até o momento, só interferiu positivamente, como por exemplo investindo na distribuição do recente filme dos Vingadores. 

A única coisa a lamentar é que por ceder os direitos de seus personagens a estúdios diferentes, no caso a 20° Century FOX, a New Line Cinema e Columbia Pictures, não poderemos ver os personagens juntos, como em Vingadores. O Homem-Aranha, o Demolidor, o Quarteto-Fantástico, o Motoqueiro Fantasma e os X-men não conhecerão mais nenhum outro herói dentro se seus respectivos universos cinematográficos, algo que diminui um pouco as possibilidades criativas, e joga uma água no chope de alguns fãs.

DC Comics
A antiga National Allied Publications surgiu de uma fusão de algumas editoras menores que se uniram para ter um maior alcance com as revistas do Batman, Superman, Flash, Mulher Maravilha, Lanterna Verde e Arqueiro Verde, dentre outros. Neste período a editora se consolidou, se tornou bem profissional e mesmo sem os criadores originais envolvidos, os personagens se mantinham bem, mesmo quando o sucesso avassalador da Marvel surgiu nos anos 60, na verdade este fator só elevou a qualidade das histórias, e tamanho sucesso no mercado despertou o interesse do grupo Warner, que em 1969 a comprou. A DC é mais simples de se entender, para saber que personagem pertence a DC, basta lembrar da Liga da Justiça, os integrantes do grupo são basicamente o bem mais valioso da empresa. 

No cinema, o filme Superman (1978) foi um grande sucesso, assim com sua sequência, abrindo caminho para o filme do Batman (1989), também um grande sucesso. Mas mesmo com uma nova série de filmes do Batman tendo feito muito sucesso recentemente, os filmes mais recentes do Superman e o do Lanterna Verde, não foram tão bem assim e atualmente a DC perde neste seguimento para a Marvel, mas depois do sucesso do terceiro filme do Batman, um novo filme do Superman será lançado, assim como aparentemente teremos um Lanterna Verde 2, se bem sucedidos, podemos acreditar que os estúdios Warner Bros buscarão mais alternativas, para quem sabe fatalmente se dar início a produção de um filme dedicado a Liga da Justiça, principalmente para rivalizar com o sucesso de Vingadores da Marvel. 


Ou seja, uma rivalidade que surgiu nas revistinhas a 70 anos, já pulou das páginas dos quadrinhos faz tempo.

Até a próxima semana.


Por: Anselmo Rodrigues
De: São Paulo – SP
Email: anselmo@revistafriday.com.br

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O que são heróis, super-heróis, anti-heróis, vigilantes e mutantes? Parte II

11 set
Conforme o combinado na coluna da semana passada, eis aqui a conclusão do nosso papo: estávamos começando a falar de anti-heróis.
Não sei ao certo qual momento definitivo em que este estilo de personagem surgiu como elemento literário, mas o anti-herói tem evoluído ao longo do tempo, mudando assim como as concepções da sociedade mudaram em relação ao herói, desde os tempos Elizabetanos de Fausto e Falstaff [*] de William Shakespeare (entre os anos 1500 e 1600).


O que define o Anti Herói? Bem, ele é um cara que antes de mais nada te leva a um dilema pessoal, são personagens não inerentemente maus e que, às vezes, até praticam atos moralmente aprováveis. Contudo, algumas vezes é difícil traçar a linha que separa o anti-herói do vilão; no entanto, note-se que o anti-herói, diferente do vilão, sempre obtém aprovação, seja através de seu carisma, seja por meio de seus objetivos muitas vezes justos ou ao menos compreensíveis, o que jamais os torna lícitos. A malandragem, por exemplo, é uma ferramenta tipicamente anti-heroica, assim como a marra, a indiferença, a ironia, o desprezo pelas regras. Eu diria que são personagens muito carismáticos, novamente fugindo um pouco das HQ’s, vou tentar dar um exemplo amplo, atirando em todas as direções e com certeza você verá que curte também um anti-herói. Caras como Vegeta (Dragon Ball Z); Ikki (Cavaleiros do Zodíaco); Kratos (do game God of War), o “carismático” dr, House, trocentos personagens de Clint Eastwood em faroestes, assim como James Dean, que também vestiu bem esta carapuça em sua curta carreira, eles são típicos anti-heróis. Nas HQ’s nem precisamos ir longe para chegar em exemplos como o Justiceiro, o Wolverine, Deadpool, a ninja Elektra (por vezes namorada do Demolidor), para alguns fãs, ainda se encaixam neste perfil personagens como o Batman, Mulher-Gato um Lanterna Verde chamado Guy Gardner, o Lobo (mercenário intergaláctico popular nos anos 90) assim como o Hellboy, Sandman, Spawn, John Constantine, Juiz Dredd dentre outros tantos.


Sobre os Vigilantes, podemos descrevê-los como personagens que podem ou não ser anti-heróis, mas o simples fato de fazer o trabalho da polícia, é uma pratica questionável, pois geralmente não há fiscalização dos atos destas pessoas, elas não respondem a qualquer órgão legal, ou seja, ser super-herói é um ato de vigilantismo, um crime. Quando os autores de HQ’s perceberam esta situação, muitas histórias levaram ao limite personagens como Batman, Demolidor, Homem-Aranha, e principalmente o grupo de super-heróis retratado em Watchmen, um clássico de Alan Moore. 

Agradeço o carinho de quem acompanhou a matéria até aqui. Ufa, obrigado mesmo.
Semana que vem abordaremos os adoráveis, instigantes, imprevisíveis e populares vilões.

Esta nota abaixo é uma dica sobre literatura referente ao comentário que fiz lá em cima, ao citar Shakespeare, nos mostra como o anti-herói está muito próximo de nós mesmos.
Até a próxima.
* Nota: Falstaff ou ‘Jack Falstaff’ é um personagem criado por William Shakespeare e presente em várias de suas peças. É conhecido por ser um notório fanfarrão e boêmio. Em Henrique V, Falstaff é um dos amigos de adolescência do rei que, após a ascensão de Henrique ao trono, acaba sendo desrespeitado e abandonado pelo rei, assim triste e abatido morre numa taverna junto a antigos amigos. Em suma um sujeito bacana pra caramba.


Por: Anselmo Rodrigues
De: Cotia – SP
Email: anselmo@revistafriday.com.br

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O que são heróis, super-heróis, anti-heróis, vigilantes e mutantes? Parte 1

4 set
         E aí pessoal! Hoje este espaço da FRIDAY tem a humilde intenção de explorar um emaranhado de conceitos que foram criados para distinguir ainda mais os personagens de HQs ao longo dos anos. É compreensível que tenham surgido estes subgêneros, afinal de contas, ser original é um princípio básico para quem quer vencer a concorrência. Por isso as origens destes caras são variadas, podendo ser por:

             Mutação Genética
No caso, o exemplo será o dos X-Men. Os “filhos do átomo”, são pessoas que sentem as primeiras manifestações de seus poderes na adolescência, uma ótima metáfora para este período de transformações, diga-se de passagem. O grande responsável por esta sensibilidade foi Chris Claremont, este roteirista pode ser considerado o maior escritor dos X-men, pois por muitos anos tudo que se relacionava aos mutantes passava por suas mãos, sempre explorando preconceito, perseguição, dor e perdas em um grupo cheio de imperfeições, extremamente humanos e sempre divididos entre a ideologia de coexistência proposta pelo professor Xavier e a promessa de supremacia clamada por Erick Lencher, o popular Magneto. 

                                                                    (Jean Grey e Wolverine)

             Magia/ Misticismo

Menos recorrente, temos alguns personagens com origens enraizadas na magia. A Mulher Maravilha tem uma ascendência toda mitológica, ela é a princesa deThemyscira (às vezes chamada de Ilha Paraíso), filha da rainha das amazonas, Hipólita. A mitologia nórdica inspirou Stan Lee na criação de Thor o deus do trovão; um pacto com o capeta foi o ponto de ignição para as histórias do Motoqueiro Fantasma; Constantine já conjurava seus feitiços (antes dos irmãos Winchesters) e encarava com seu charme e desdém os mais variados demônios; assim como Hellboy e seu estilo fanfarrão; destino também da escolhida Witchblade/ Sara Pezzini e seu bracelete mágico. Esbarrar em algo místico também vale, caso do Sr. Destino que encontrou um elmo que o torna um dos mais poderosos feiticeiros da Terra.

                                                                       (Sr. Destino)

              Ciência/Tecnologia

Mais típico dentre as origens, talvez, seja a de heróis que surgiram por causa da ciência. Acidentalmente ou planejado, muitos personagens compartilham esta origem: uma aranha radiativa picou Peter Parker/ Homem Aranha; um soro experimental ampliou em torno de 10 vezes a capacidade física do jovem militar Steve Roger/ Capitão América; uma viagem ao espaço mal sucedida mudou a vida do Quarteto Fantástico; um incidente de laboratório provocado por um relâmpago, estourando frascos de produtos químicos transformou o detetive forense Barry Allen em Flash, o homem mais veloz do mundo. A tecnologia (e dinheiro) também tornou possível a carreira de super-heróis para Bruce Wayne/ Batman, Tony Stark/ Homem de Ferro e Oliver Queen/ Arqueiro Verde. 

          Curiosamente, os heróis vão se adaptando a era em que são publicados (a fim de atender os gostos da turma dos anos 90/2000). Um caso interessante é o do Superman, um grande autor e desenhista chamado John Byrne foi incumbido de tornar-lhe mais atraente ao modernizar as histórias do homem de aço para a geração de leitores dos anos 80, (portanto não estranhem se por acaso se deparar com duas ou mais origens diferentes para um mesmo personagem) e esta dinâmica é uma característica até típica das editoras.
          
          Voltando ao Jonh Byrne, este criativo artista canadense também optou pela ciência ao explicar a origem dos poderes do herói kriptoniano, segundo ele, as células de Clark Kent/ Kal-el sintetizam a energia solar com tamanha eficiência que fariam uma usina nuclear ficar com inveja, ou seja,  se há 70 anos atrás a explicação era uma questão de gravidade diferente entre a Terra e Kripton (algo bem bolado para os anos 30) a nova geração de leitores foi apresentada a toda uma teoria, a genética do Superman era responsável pelos seus dons, algo parecido com o exemplo dos mutantes. O mais legal da história é que uma das duplas mais famosas em termos de criação de quadrinhos era formada pelo Byrne(desenhos) e pelo Chris Claremont, que foi citado lá em cima como um dos grandes nomes entre os autores dos X-men. Acontece que Jonh era também co-roteirista das histórias dos mutantes, este foi um mero exemplo de como os autores levam preferências pessoais quando assinam uma história. 


          Ok, definidas as origens e depois disso tudo, os caras tem que decidir qual direção vão seguir. O altruísmo inicialmente era o caminho moralmente mais correto, o heroísmo foi explorado por muito tempo, desde os primórdios das HQs, e os protagonistas foram ganhando recursos que os tornavam algo mais, algo SUPER. Qualquer vantagem significativa já pode ser usada para definir um personagem como super-herói, caso dos citados Tony Stark e Bruce Wayne, que mesmo humanos, têm recursos que os distinguem de um cidadão comum. 


          Certo, muito bonito isto, mas nem tudo é preto no branco, tem um cinza aí no meio, e nos quadrinhos eles são representados pela iniciativa de levar para as HQs o conceito da figura do Anti-herói, semana que vem a gente da uma aprofundada neste gênero . . . 

          Abraços a todos …

Por: Anselmo Rodrigues
De: Cotia – SP
Email: anselmo@revistafriday.com.br

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O que tem dentro de um gibi?

28 ago
Olá galera da FRIDAY! É sempre bacana poder falar de algo que gostamos, e História em Quadrinhos é um dos meios de entretenimento que mais me agradam. Sei que rola um certo mistério sobre o que leva um marmanjo a juntar pilhas e mais pilhas de papel muitas vezes por anos, mas na verdade não tenho a intenção mudar a opinião alheia sobre um cara com um gibi na mão, mas posso lhes dar uma ideia mais ampla sobre o que ele tem nas mãos.
 

Curiosamente as histórias em quadrinhos surgiram antes dos gibis e eram publicadas em tiras de jornais sensacionalistas de Nova York. Yellow Boy estreou ainda em 1895, e em pouco tempo todos queriam algo similar em suas páginas.
A popularização do gênero levou a criação de muitos personagens (Flash Gordon, Fantasma, Tarzan) mas com o tempo surgiu uma dificuldade: o quê fazer quando se perdia o jornal e por consequência um pedaço da história que era publicada ao longo da semana?

Aí alguém teve a puta sacada de reunir este material em uma revista. Pronto, a nona arte estava consolidada! O novo formato permitiu ainda mais liberdade aos criadores e logo mais, na virada dos anos 30 para os 40 surgiriam os ícones da indústria, personagens como Superman e Batman que abriram as portas para um gênero que se perpetuaria no imaginário popular, os dos Super-Heróis.

Sem muita referência senão a literatura, as histórias eram bem pesadas e era comum ver o Batman enfiando bala nos bandidos e o Superman quebrando braços ou arremessando um criminoso, mas levando em conta o público-alvo (jovens e crianças), reconsideraram e estabeleceram um padrão mais “moral” para os combatentes do crime, uma amenização que traria Robin, o primeiro de muitos parceiros mirins.

Esta facilidade de abordar os jovens não demoraria a chamar a atenção, e por vezes tornou os quadrinhos um veículo um tanto panfleteiro e não faltaram oportunidades de transmitir ideologias políticas contra o Nazismo, algo que foi muito recorrente nos anos 40.
Nos anos 50 um livro chamado “A Sedução dos Inocentes” levantou questões polêmicas para a época, com homossexualismo oculto nas histórias, além inúmeras “condutas” inadequadas segundo a ótica um tanto conservadora do autor do livro. Por consequência, os anos 50 e 60 foram talvez os anos mais estáticos em termos criativos.

Nos anos 70 a juventude estava em alta, a liberdade, as escolhas, o idealismo. Não demorou muito para isso parar no papel, Stan Lee e sua Marvel criaram mais que heróis, criaram espelhos, pois era muito fácil se ver em um dos democráticos personagens da editora: um jovem estudante e suas preocupações se pendurando em teias por Nova York; um doutor que por escolhas erradas se tornou um imenso gigante verde; um herói cego que defendia seu bairro vestido de demônio; o sugestivo Pantera Negra fazendo referência ao movimento negro norte-americano; jovens mutantes que não se enquadravam nos padrões da sociedade. 

 

Que sacada! Não demorou muito para a editora mais antiga, a DC Comics, permitir aos seus criativos autores ousarem também. Radicalmente, o Arqueiro Verde descobre que seu pupilo é dependente químico de heroína, levando o herói a entender que nem sempre basta prender o supervilão, é necessário entender a sociedade em que vivemos. Para isto decidiu convocar seu amigo Lanterna Verde a uma introspectiva missão Estados Unidos a dentro, abordando os mais variados temas sociais e aproximando mais ainda seus personagens da realidade. Nesta época também surgiria uma parceria que se tornou popular: Cinema e Quadrinhos, em 1978 a adaptação Superman chegava aos cinemas.

Realismo seria a palavra de ordem dos anos 80, a (talvez) época mais criativa do gênero. Sabemos que o medo vende. Se hoje o apocalipse e o terrorismo são explorados a exaustão pelo cinema com seus filmes-catástrofes, o temor deste período era a Guerra Fria entre EUA e União Soviética. O comunismo e/ou governos opressores eram perspectivas muito bem estruturadas nas mentes das pessoas, não por menos, os EUA tinham acabado de se livrar do presidente Nixon, o único que foi retirado do cargo, exatamente por defender práticas pouco democráticas.

Verdadeiros mitos da indústria surgiram com obras atemporais, políticas, densas, dramáticas. Alan Moore com Watchmen, V de Vingança, Monstro da Pântano e Constantine; Frank Miller com 
300, Sin City, Elektra Assassina, Demolidor (A Queda de Murdock) e Batman (O Cavaleiro das Trevas e Batman Ano 1) são apenas dois exemplos da época que redefiniu a forma como viríamos as histórias em quadrinhos. Pois se os autores anteriores haviam criado o ciclo de nascer, se desenvolver e até ter filhos, era chegada a hora de encerrá-lo, trazendo dor e morte às histórias. 

A pioneira foi a Fênix dos X-Men, seguida por muitas mais. Para ficar nos famosos, cito Elektra, Flash, Supergirl, Robin e mesmo não sendo uma morte, um tiro efetuado pelo Coringa prendeu a Batgirl a uma cadeira de rodas numa das obras mais marcantes da época, A Piada Mortal.

Uau, o que faltava para aproximar e atrair ainda mais leitores? A resposta foi dada por um grupo de desenhistas e roteiristas, que numa inciativa corajosa criaram uma editora independente, ou seja, sem restrições (inclusive morais).

Estes novos heróis, tais como Spawn, Witchblade dentre outros, ao contrário do que estávamos habituados, não tinham necessariamente boas intenções, tão pouco seguiam códigos de éticas e coisas do tipo, eram implacáveis, matavam e viviam intensamente as mais distintas situações. Este posicionamento fez um imenso sucesso e acabou fazendo a DC e Marvel redirecionarem seus esforços para também usufruir deste novo perfil de leitor.

Na Marvel, Wolverine foi alavancado a uma condição de astro, a máquina de matar dos X-Men foi protagonista de muitas histórias solo, principalmente por não ter pudor. Na DC, lar de heróis mais puritanos, surgiu um novo universo chamado Vertigo, onde Constantine, entre outros, abordavam temas mais pesados, como o citado ocultismo, vícios, morte e loucura.

Para os heróis tradicionais da DC não perderem relevância, medidas drásticas foram tomadas e histórias como: A Morte do Superman e A Queda do Morcego (onde Batman fica paraplégico) mostraram que as histórias em quadrinhos tinham que se superar em criatividade, pois dos anos 90 em diante, mais do que boas histórias, as pessoas queriam ser surpreendidas. E entre altos e baixos, o mercado sempre tem nos reservado boas histórias.

E na próxima semana, falaremos mais sobre o gigantesco universo das HQ’s. Até lá!


Por: Anselmo
De: Cotia – SP
Email: anselmo@revistafriday.com.br

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